quinta-feira, 28 de abril de 2011

9. Somos também a mão das injustiças?

Muitas vezes precisamos cumprir mandados notoriamente injustos, ou que, mesmo tecnicamente perfeitos, nosso “feeling” nos leva a esta conclusão. Também podemos ter a sensação de injustiça ao sabermos que o réu “safou-se”.
Não, ninguém  sofre injustamente, mesmo que pareça. A injustiça de hoje é a colheita do ontem. 
Ontem, movimentamos o judiciário por vingança. Hoje, colhemos os frutos de um processo por motivação emocional e vingativa.
 Ontem, deixamos de reparar um erro por falta de provas contra nós. Hoje, provas injustas nos alcançam.
 Ontem, escusamo-nos de dar  nosso testemunho em favor da justiça. Hoje, testemunhas calam e a verdade não chega ao processo.
Ontem, compramos favores para escaparmos à justiça dos homens. Hoje, sofremos como vítimas da corrupção do sistema.
Ontem, deixamos nossos ex-cônjuges ao abando financeiro e moral, por ganância ou vingança. Hoje, recebemos uma decisão injusta em uma vara de família.
Ontem, deixamos dezenas de empregados ao desemparo. Hoje, nos indignamos com as ações trabalhistas que consideramos injustas.
O questionamento do porquê da  injustiça em um processo judicial, no cumprimento de um mandado,   é o mesmo que fazemos quando, por exemplo,  vemos um bebê que nasce com alguma deficiência. “Por que, se ele é tão inocente e nada fez de mal?” Causas anteriores do sofrimento humano. Ou a extensão da lei de causa e efeito para nossa anterioridade espiritual.
Criamos dívidas e inimigos, prejudicamos, desrespeitamos, a nós mesmos e aos outros. O sofrimento é  maneira que a justiça natural, ou a Justiça Divina, usa para que evoluamos.  Assim,  aprendemos a não fazer aos outros o que não queremos para nós, aprendemos  a amar e sermos amados, a respeitar e merecer o respeito alheio.
Não, não é Deus que nos pune, somos nós que atraímos o aprendizado que necessitamos.  Às vezes, deliberadamente escolhemos nossas provações, aquilo que precisamos para evoluir, após um arrependimento sincero e um forte desejo de reparar e aprender. Colheremos amanhã o que plantarmos hoje.
Mas isto não deve tornar o Oficial de Justiça frio, ou levar-nos ao pensamento de que “todos merecem”.  Não devemos impor um sofrimento maior que o necessário, sob pena de também endividarmo-nos. Nossa expressão facial, o tom de nossa voz, uma palavra de compreensão, podem ser calmantes que facilitam o aprendizado que os sofredores da justiça estão submetidos.
Quantas vezes, fomos as únicas pessoas a ouvir o destinatário da ordem judicial, a aplicar a terapia da palavra?
Quantas vezes  o simples “eu entendo seu sofrimento” muda o cenário mental dos nossos “alunos” e cumprimos o mandado em paz?
Quantas vezes incitamos ao entendimento e à conciliação, a que nossos “alunos” virem a página pelo esquecimento das ofensas e das injustiças?
Sim, somos a “longa manus” da justiça e da injustiça, do perdão e da vingança, do amor e do ódio.
Mas somos principalmente a “longa manus” do aprendizado.
 Nosso êxito no cumprimento do mandado é muito mais do que um “positivo” no livro de cargas e no sistema. É o êxito do professor que, dando o limite amoroso de quem está a servir, sabe que sua aula e sua firmeza são  essenciais para a evolução do aluno, tanto quanto sua compreensão.
Somo instrumentos da evolução humana. A cada dia, a cada mandado.

Paz e Luz!
Beto Vasquez

terça-feira, 5 de abril de 2011

8. A Missão Espiritual do Oficial de Justiça

No mundo material, transitório, podemos pensar no juridiquês, que somos o “longa manus”, que tornamos realidade as ordens judiciais, etc. Que viramos oficiais de justiça por alguns acasos ou escolhas momentâneas.
Mas em uma compreensão espiritual, que transcenda o aqui e agora, é bem mais que isso.
Temos a profissão que precisamos para evoluir, da qual nos aproximamos por uma série de afinidades e por nosso livre arbítrio.
Evoluímos quando aprendemos, e podemos  aprender  com nossa profissão no convívio com os outros (principalmente os destinatários das ordens judiciais) e no vasto tempo em que estamos sozinhos (certificando, organizando os mandados, dirigindo, caminhando, decidindo os procedimentos...). Neste tempo sozinho nos deteremos mais tarde.
Convivendo, podemos aprender com as mazelas e sofrimentos humanos;  com a felicidade da concretização da justiça pelas nossas mãos; com as injustiças de um judiciário imperfeito;  a  controlar a ansiedade; a acalmar pessoas nervosas; a desenvolver a fé e a  coragem nas adversidades; a praticar a caridade de ouvir; a aceitar a diferença;  a livrar-nos dos preconceitos sociais; a desenvolver a intuição, etc.
Mas, como toda a atividade humana tem um fim evolutivo, para quem a pratica e para o outro, cremos que, PRINCIPALMENTE, temos uma missão ligada a praticar a firmeza e a impor limites.
Sermos firmes e impormos limites, além de aprendizado para nós, talvez seja o que mais ensinamos para as pessoas que encontramos em função dos mandados. É muito difícil ser oficial de justiça sem desenvolver a habilidade de contrariar, de dizer não, de cumprir o que nos mandaram e que contraria os interesses do outro.
Lidamos com o sofrimento humano. Mais que isso, impomos o sofrimento a outros seres humanos. Algozes ou professores? Há uma linha tênue, que cruzamos quando compreendemos o significado espiritual do sofrimento enquanto aprendizado.
O que aprende quem é injustiçado? Ou o empresário que perde os bens de sua empresa? Ou quem perde o carro da família? E quem tem retirada a guarda de um filho? E quem é despejado?
O sofrimento é sempre resultado de nosso livre arbítrio. Esta é a lei de causa e efeito, presente em toda a natureza e que não excepciona os atos humanos. Este plantar e colher ultrapassa as fronteiras do útero e do túmulo, num continuum de aprendizado que visa a evolução da humanidade.
As causas presentes de sofrimentos vemos facilmente, mesmo que quem receba o ato judicial pareça injustiçado, coitadinho, vítima.  Fez uma boa gestão? Resolveu conflitos ou os agravou? Respeitou e ser fez respeitar por fornecedores, clientes, trabalhadores, pelo estado, os sócios, os familiares? No processo judicial, defendeu-se adequadamente, procurou a conciliação, acompanhou o processo, cobrou do advogado?
Tem então o oficial justiça a função espiritual de ensinar-lhe, pelo sofrimento que lhe impõe, que precisa tratar os outros como gostaria de ser tratado, respeitar para ser respeitado, que conciliar é melhor que vingar, que prevenir e evitar conflitos é amar a si mesmo. Que não somos o que temos,  que tudo o que temos é transitório, que fatalmente perderemos os bens materiais que nos foram “emprestados” como prova,  seja em vida ou na desencarnação (morte).
Daremos a “aula” da firmeza e do limite aos nossos “alunos”. Todos os dias, durante toda nossa vida profissional, para diversos alunos, exatamente como fazem os professores. Como os alunos de verdade, alguns aprenderão rapidamente, outros depois de muitas aulas. Outros passarão toda a vida recebendo nossas lições, parecendo que não aprendem nada. Mas, de novo  como os alunos de verdade, estão acumulando conhecimento. Algum dia, terão o "click" e nosso esforço nunca terá sido em vão. Todos aprenderemos, mais cedo ou mais tarde, pelo amor ou pela dor.
Em uma das traduções da bíblia, há uma referência ao oficial de justiça em Mateus, 5:25. Vi por acaso quando folheei em um hospital. Diz mais ou menos:
Acerta-te com teu inimigo enquanto ainda estás no caminho com ele, para que ele não reclame ao juiz e o juiz mande o oficial de justiça te prender.  
Declara, desde cerca de 2 mil anos atrás, a nossa missão de educadores pela firmeza e pelo limite na lei de causa e efeito, que se harmoniza com o conceito atual da missão do judiciário como pacificador da sociedade, e não como vingador oficial. Um tem a alma do professor, outro a do algoz.

Como contribuição, a mensagem “Pedra no Caminho” (http://searaespirita.com/audio/momento/a_pedra_no_caminho.mp3 )
Paz e Luz! Beto Vasquez

quarta-feira, 30 de março de 2011

7. Desmotivação, um risco permanente

Motivação e desmotivação, vontade e falta de vontade, ânimo ou desânimo, são questões presentes em todas as profissões. Como diz Divaldo Pereira Franco, não existe o indivíduo linha reta. Todos temos nossas crises, nossas provações, nossas questões existenciais. Portanto, com certeza está também presente na realidade de juízes, médicos, professores, etc.

Mas nossa  atividade tem algumas peculiaridades práticas que temos de reconhecer para ficarmos menos vulneráveis à desmotivação .
 É repetitiva, sem possibilidade de ascensão profissional, confronto constante, alta exigência e baixo reconhecimento nos êxitos. Todos sabemos disso, e comentamos nas centrais e salas de oficiais. Mas vamos trazer à tona:
Repetitiva: não importa quantos mandados cumpramos, na outra carga terá mais uns quantos. Podemos zerar para sair de férias, haverá mais um monte nos esperando. E não muda muito, mesmo que mudemos de cidade, bairro ou tipo de vara. Não há término  de fases ou ciclos.
Sem ascensão profissional:  cumpriremos mandados até a aposentadoria, da maneira repetitiva que citamos acima, ocupando uma mesma posição hierárquica.
Confronto constante: como  todas as profissões de coerção do estado sobre o indivíduo, temos um grau de stress que, se não reconhecido e trabalhado, pode evoluir para a desmotivação, desânimo e depressão.  Como lidamos com isso? Que emoções estas situações nos trazem?
Alta exigência: nos sentimos com a faca no pescoço, constantemente. “Não posso atrasar, não posso perder prazos, a certidão precisa ser bem feita, os advogados, juízes, escrivães, diretores podem me penalizar por qualquer deslize.”
Baixo reconhecimento nos êxitos: mesmo nos grandes êxitos, nos  mandados especialmente difíceis, estamos sozinhos e podemos contar somente com a nosso sentimento de dever cumprido, no máximo de alguns colegas. Talvez tenhamos “salvado o mundo”, o autor, seu procurador, o juiz, o pessoal da vara, todos estejam satisfeitos com a solução do mandado. Talvez até registrado nos autos esteja. Mas como não chega a nós, quem cumprimenta nossa mão direita, via de regra, é a nossa mão esquerda. Vemos o sofrimento alheio, mas raramente vemos a felicidade de quem se beneficia da justiça.
Não, não somos vítimas. Nem coitadinhos.
Esta é a profissão que escolhemos, para a qual prestamos concurso por nosso livre arbítrio, e na qual permanecemos pela mesma razão. Mas reconhecendo claramente nossas dificuldades e o que sentimos, podemos ir para as perguntas  que podem precaver-nos das crises de motivação:
 O QUE TENHO A APRENDER E A ENSINAR NESTA PROFISSÃO?
 QUAL A MISSÃO EXISTENCIAL E ESPIRITUAL  DO OFICIAL DE JUSTIÇA NO MUNDO E PARA MIM?
“A vida será somente uma questão de nascer, seguir como uma folha na torrente, fazer, fazer, fazer, e depois, desgastado, fraco e encharcado, afundar? E a felicidade? E o contentamento, o tipo mais profundo de felicidade? E o significado? Meu trabalho é um benefício neste mundo?” (de O Redespertar Espiritual no Trabalho, Jack Hawley, 1993, Ed. Nova Era)
Precisamos dar significado ao tempo e à vida que dedicamos a esta profissão (próximo post).
Como complemento, esta mensagem: http://searaespirita.com/audio/momento/viva_melhor.mp3
Paz e Luz! Beto Vasquez

quarta-feira, 16 de março de 2011

6. Nós e os demais agentes do sistema. Problemas?

É lugar comum entre nós a queixa sobre o preconceito de servidores internos e juízes com relação à jornada de trabalho, a maneira como é realizado e o salário dos oficiais de justiça. Sim, isto nos irrita, faz nos sentirmos injustiçados, incompreendidos e excluídos. Travamos uma “guerra”  lá fora, com o mundo e com nossas limitações. Como todo ser humano, gostaríamos de nos sentir acolhidos, compreendidos, respeitados. Afinal, o forum é o nosso “quartel”, é lá que deveríamos nos preparar para as próximas “batalhas”, aurir forças físicas, psicológicas e espirituais.

Por que isso ocorre? A diferença.  A atividade de oficial de justiça é externa, com jornada e salário diferentes. Diferentes, não melhores , nem piores. Quem tem preconceito só vê as vantagens, quem se vitimiza, só as desvantagens, duas visões distorcidas que não percebem que absolutamente todas as situações humanas possuem os dois lados. Nossa condição humana ainda lida mal com as diferenças.
Mas nossa situação não é isolada no mundo, não somos vítimas. Outras profissões externas, públicas ou privadas, também sofrem de preconceito dos trabalhadores internos. Na administração pública, os auditores fiscais e os de contas públicas também sofrem da difamação de que, por trabalharem na rua ou em casa, tem “vida boa”. Na privada, os profissionais de vendas também. Ser diferente, em geral, gera estes sentimentos dos “não-privilegiados” contra os “privilegiados”.
Reagimos: “então por que não fazem concurso para oficial?” Realmente, são raros os casos de servidores que trocam as varas pelo cargo de oficial, o que, inconscientemente, é o reconhecimento de que todo o desgaste emocional, psicológico e espiritual de ser oficial de justiça, para eles, não vale a pena para estes aparentes benefícios.
Para não generalizar, é claro que há colegas internos que não pensam assim, há locais de trabalho acolhedores. Mas, quando não é assim, do que afinal terão inveja e despeito?
Sim, temos uma jornada de trabalho com certa liberdade de horário. Isto, nos tempos atuais, é objeto de desejo de muitos trabalhadores com horário convencional, por significar qualidade de vida.  Este também é um dos fatores que atraem os concurseiros cada vez mais para o nosso cargo. Podemos falar isto abertamente, já é de conhecimento geral.
Poder levar o filho ao médico, resolver um problema no banco, praticar atividade física em um horário intermediário. Em virtude de nossa jornada diferenciada, se nos disciplinarmos, podemos seguir a recomendação de muitos psicólogos e cardiologistas, que é a de dar atenção às diversas áreas de atuação de um ser humano, como o trabalho, a saúde física e mental, a espiritualidade, a cultura, o lazer, a família, a leitura edificante,  etc.  Isto não é “boa vida”, mas uma vida equilibrada, possível de nos dar uma mente sã em um corpo são.
Mas estamos disponíveis 24hs por dia, 7 dias por semana.
Por exemplo, ao atendermos o celular  em resposta a um aviso que deixamos, mais dos que os poucos minutos de atendimento, vestimos a roupagem psicológica de oficial de justiça, o tom de voz, o discurso, as advertências. Recebemos do “cliente”, mesmo à distância, suas angústias, suas mágoas, seu sentimento de injustiça. Depois disso, somos outros em nosso estado mental e espiritual. Nos acostumamos, mas isso tem um custo, principalmente àqueles que tem dificuldade de desligarem-se do trabalho, trazendo  consequências negativas no longo prazo se não soubermos administrar bem. Este é o lado negativo, que aquele que hostiliza sabe muito bem, mas por não lidar bem com suas escolhas e emoções acaba manifestando como inveja e despeito.
Aliás, este tipo de qualidade de vida vinculada à jornada de trabalho também é obtida por outras profissões, como o plantão 12/36 dos trabalhadores da saúde, o 24/72 dos plantonistas policiais, à jornada de 6 horas de algumas categorias, os 15 dias em mar e 45 em terra dos petroleiros, etc.
Somos diferentes, mas não os únicos, e a liberdade que temos (apesar da disponibilidade 24h, muito dura), é uma busca de diversas pessoas. E é extremamente vantajoso para os tribunais. Não fosse a jornada 24hs e o carro pessoal do oficial à disposição, seriam as despesas públicas majoradas significativamente com horas-extra , compra e manuntenção de veículos.
O que isso tem a ver com psicologia e espiritualidade? Nos livrarmos de qualquer tipo de culpa ou raiva por esta diferença, compreendermo-nos para compreender os outros, desenvolvendo um auto-respeito maior e, assim, sendo firmes contra o preconceito, o despeito e a hostilidade.
“Somente optando pelo auto-respeito é que conseguiremos o respeito alheio. Encontraremos nos outros a mesma dignidade que damos a nós mesmos” (2003, Boa Nova Editora, Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed, em Os Prazeres da Alma).

Paz e Luz! Beto Vasquez

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ansiedade, Depressão e Stress Altíssimos em Pesquisa entre Oj´s

Recebemos pesquisa do RS, realizada pelo sindicato junto com a universidade federal. Os resultados são alarmantes, em especial no relacionamento com os superiores e cobranças. Veja completo em http://sintrajufe.tempsite.ws/novo/noticias/anexos/pesquisa%20de%20saúde2010.pdf ou no link ao lado.

Paz e Luz! Beto Vasquez

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

4. O Sentimento de Raiva no Trabalho do Oficial de Justiça

Comecei a pensar e notei  muitas situações que podem nos contrariar, nos irritar. Em suma, que nos agridem. Muitas mesmo. Todos sabemos disso, mas talvez não notemos quantas agressões sofremos no nosso ambiente de trabalho e como isso nos afeta, gerando mágoa, ressentimento, irritação, pensamentos fixos, desejo de vingança, raiva mesmo, que podem se transformar em explosões, stress, desmotivação e até depressão.
Antes mesmo de chegarmos à sala dos oficiais ou na central de mandados, os pedidos dos familiares para que “quebremos um galho, já que estamos na rua”, o próprio trânsito, o risco da violência na saída de casa e na chegada ao foro. Sem contar com a chuva, o calor ou o frio, as estradas precárias no interior.
Ao  pegarmos os mandados, a forma errônea de alguns mandados,  as cobranças e raramente elogios, as  tensões por questões imaginárias (acho que este mandado será complicado, mas talvez nem exista o endereço...) ou reais (já fui ao local e sei que é bronca), a tensão de outros colegas, às vezes desabafando suas dificuldades, a quantidade excessiva de trabalho ou sua má distribuição. Sem falarmos no reajuste não concedido, no preconceito dos colegas de outros cargos, na má gestão de muitos tribunais e dos governos.
Cumprindo os mandados, mais uma vez as tensões da rua, o “chá de banco”, as esquivas, as agressões verbais (aos autores, ao judiciário, ao governo, mas sempre ouvidas e sentidas por nós), a tensão emocional de quem é penhorado, despejado, retirado de um lar.
Sim, temos um ambiente de trabalho hostil. Como podemos lidar com estes sentimentos?
No próximo post “5a . Antídotos para a raiva – o Perdão no trabalho do OJ”
Paz e Luz! Beto Vasquez

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

3. Ação e Reação Mental com os "clientes" do OJ

3. Ação e Reação Mental com os  “Clientes” do OJ
O comportamento das pessoas com quem interagimos não podemos mudar. Mas a nossa ação e a reação (ou até mesmo "não reação")  no relacionamento com os outros é possível alterarmos. Ou seja, não podemos mudar os outros, só a nós mesmos.
É uma questão de auto-conhecimento e auto-percepção.
Em que momentos do trabalho fico mais tenso?
Costumo ficar ansioso? Quando fico, isto afeta a rotina com esquecimentos  ou procedimentos  não tão corretos do que quando estou calmo?
Como o medo (da violência, do trânsito, dos “clientes”) afeta meu dia de trabalho?
Sinto raiva frequentemente, seja dos “clientes” ou de meus superiores?
Ajo com prejulgamentos e preconceitos com relação aos destinatários dos atos judiciais?
Podemos não perceber, mas estes componentes de tensão, ansiedade, medo, raiva e prejulgamentos estão muito presentes na rotina de trabalho de um oficial de justiça.
Estes estados mentais condicionarão nossas ações, condicionarão a reação das pessoas com que interagirmos e, mais importante, influenciarão nosso ânimo e bem-estar ao final dos dias, meses e anos que passamos cumprindo mandados.
No próximo post “O sentimento de raiva no trabalho do oficial de justiça”
Paz e Luz! Beto Vasquez

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

2. É possível ser o mensageiro da desgraça e ficar em paz?

Para iniciar, abordaremos o ato mais simples das tarefas de um oficial de justiça, o de entregar um papel contendo uma ordem judicial.

Mesmo nesse ato mais simples e aparentemente menos impactante do que uma penhora, uma remoção de bens, um despejo, é importante percebermos o efeito psicológico e espiritual que uma intimação pode causar em alguém,  quando  por oficial de justiça. Com o carteiro (AR), esta interação mental/energética/espiritual praticamente inexiste,  pois é só o carteiro conhecido do dia a dia que traz um documento que precisamos assinar.
Já o oficial representa no inconsciente o estado, o governo, mas principalmente aquele opositor que vem nos acionando ou agora inicia uma ação. Há toda uma carga de problemas emocionais não resolvidos com quem nos governa, mas em especial com quem estamos em desentendimento.
Nosso “cliente”  é pego sempre de surpresa.  Está em seu lar ou no seu trabalho, realizando suas atividades rotineiras, em uma sintonia mental diferente. Às vezes mais elevada, outras menos, muitas já tendo planejado mentalmente o que fará e falará quando for encontrada pelo oficial. Mas não sabe o que ocorrerá no minuto seguinte, quando  receberá o oficial de justiça, representando tudo que representamos no inconsciente coletivo, e lhe comunicaremos algo que está escrito no mandado.
Até os que são beneficiados pela justiça também ficam em um certo estado de tensão aos nos receber. Apesar de serem autores na ação da qual temos o mandado, tem eventualmente outros problemas que podem colocá-los no lado contrário.
Quem já recebeu um colega oficial de justiça em sua casa ou trabalho sabe do que estamos falando. É importantíssimo colocarmo-nos no lugar dos milhões de seres humanos que contatamos todo mês para percebermos como se sentem e, a partir daí, tentarmos mudar nosso padrão de  reação, às vezes já automatizado por anos de prática. Deixando claro que o fato de compreendermos o sentimento alheio não significa de forma alguma que deixaremos de cumprir nosso trabalho como determina a lei.
Devemos cumprir  nosso trabalho trocando menos energias com nossos “clientes”, afetando-nos menos negativamente e, consequentemente, também não os afetando além do  sofrimento imposto que ordem judicial possa ter lhe levado.
Como nos sentimos ou nos sentiríamos ao receber um oficial de justiça em nossa porta? Mesmo que ao final fosse apenas um engano de endereço, ou uma notícia que não fosse contra nós, o aviso de que há um oficial de justiça nos esperando nos coloca psicologicamente em alerta. O que será? Devo algo e estaria sendo cobrado? Não me precavi suficientemente em alguma transação? Alguém poderá estar me acionando injustamente? É algo daquela ação que já sei existir contra mim?
Há, sem dúvida, toda uma energia mental e espiritual trocada nesta ação simples, quando apenas intimamos alguém.
No próximo post,  aprofundaremos em Ação e Reação Mental com os “Clientes” do OJ.
Paz e Luz! Beto Vasquez, oficial de justiça

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Introdução ao Guia de atuação espiritualizada de um Oficial de Justiça

1. Introdução
Este guia, em forma de blog (http:\\ojsdapaz.blogspot.com) está sendo concebido para auxiliar os oficiais de justiça na realização de seu trabalho sem que afetem-se  psicológica e espiritualmente no dia a dia. Seja na área cível, criminal, trabalhista, de família, fiscal, etc. , se uma das funções do judiciário é promover a paz social, também objetiva que o impacto negativo nos destinatários das ordens judiciais seja menor, do mesmo ponto de vista (espiritual/psicológico)
O termo "espiritualizado" não significa necessariamente o vínculo a qualquer religião. Mesmo que pudesse ser aplicado a qualquer religião reencarnacionista, como o budismo, o hinduísmo, o espiritismo ou o judaísmo, significa que poderá auxiliar mais àqueles que compreendem a existência de algo além do que a carne, a matéria, o aqui e agora, quer chamemos isto de espírito, de alma, de mente ou qualquer outro termo que nos leve a esta percepção.
Por franqueza, é importante dizer que sou espírita, seguidor de Kardec, Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco e tantos outros, por compromisso filosófico-doutrinário, científico e religioso.
Aos que compreendem que a lei física de ação e reação aplica-se também em nossa profissão, na família, em nossa conduta com o corpo e a mente. Que somos únicos e devemos evoluir continuamente.
Que o que retiramos desta vida são os relacionamentos que estabelecemos e o que aprendemos com eles. Sendo assim, o relacionamento mais intenso e constante da profissão de oficial de justiça é com os destinatários das ordens judiciais, nossos “clientes”. O que podemos aprender com eles? O que podemos ensinar? Qual a troca que estabeleceremos, positiva ou negativa? Podemos nos beneficiar espiritualmente neste aprendizado, nesta troca, mesmo ferindo o interesse dos outros?
Elaborado através da experiência prática de longos anos, tanto positiva como negativa, com árduo esforço de autoconhecimento, não usaremos termos do “juridiquês”, mas  os fatos em si. Mas, sendo sincero, creio que esta jornada é individual e cada caso é um caso, e que pode-se sim executar profissões de confronto como a de oficial de justiça de forma a promover a paz íntima, a paz social e o crescimento espiritual de si e do outro.
Talvez seja  uma das chaves para minorar os problemas de adoecimento, de insatisfação com o trabalho, stress, ansiedade, depressão,  que assolam estes profissionais em maior intensidade.
Os tópicos abordados no blog (http:\\ojsdapaz.blogspot.com) serão distribuídos gradualmente nos diversos meios de comunicação de rede que forem encontrados, tal como blogs, sites, listas de e-mails ou e-mails pessoais, aceitando indicações destes espaços e contribuições quanto aos conteúdos, para que ao longo do tempo possamos ter um material que sirva de auxílio aos milhares de seres humanos, oficiais de justiça, que interagem com milhões de outros seres humanos, destinatários das ordens judiciais.
Paz e Luz! Beto Vasquez, oficial de justiça
Próximo tópico: É possível ser o mensageiro da desgraça e ficar em Paz?


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